As obras originais da Editora Laranjeira são criadas utilizando um estilo de escrita minimalista, típico da personalidade do autor. Os pontos principais do estilo são clareza, objetividade e o principal: convidam o leitor a perceber a história através de sua própria imaginação e amadurecimento pessoal. Sem usar de exageros ou flutuações emocionais, o objetivo é ensinar, educar e proporcionar entretenimento, a partir da realidade como ela é. As ilustrações derivam de situações que todo leitor passou ou poderá vir a passar.
O minimalismo na escrita consiste em uma linguagem enxuta e concisa, onde evita informações aleatórias apenas para preencher um espaço ou aumentar o número de páginas. A intenção é atingir o objetivo pelo caminho mais curto, ou seja, transmitir as ideias usando menos palavras.
Também consiste em um texto claro e objetivo. Sem floreios ou sensacionalismos, incentiva naturalmente o leitor a participar juntamente da história através de seu próprio imaginário.
Ao descrever a cena de uma história, por exemplo:
“Havia uma grande árvore.”
Essa descrição simples e com pouca informação, pode ser a chave que vai fazer a leitura ser fluída, satisfatória, provocando assim o imaginário a acrescentar os detalhes, quando necessário.
Agora a mesma cena, com mais detalhes:
“Havia uma grande árvore, com muitos ramos e folhas verdes cintilando ao sol do meio dia.”
Para nós, adultos, realmente esta segunda cena seria preferível em uma leitura, pois é mais detalhada e bonita. Porém, a cabeça de uma criança é diferente da nossa, o imaginário dela é mais fértil e não precisa de muita informação para reproduzir as histórias na imaginação. O excesso de informação acaba mais prejudicando do que ajudando. Na cena mais detalhada, ao invés de estar apreciando, provavelmente a criança estará gastando energia tentando associar as diversas informações, se entediando facilmente.
O cérebro infantil está sob desenvolvimento, o nosso já está desenvolvido. Para nós adultos, a memória e o processamento precisam de muita informação para se satisfazer. Com as crianças funciona diferente, a satisfação está em observar e criar, necessita de pouca informação, pois o que não foi dito será feito pela imaginação. A pouca informação e os poucos detalhes de uma história infantil já são muitos elementos para uma criança. Sendo assim, devemos pensar como uma criança e nos colocar no lugar dela.
Os livros da Editora Laranjeira são como uma brincadeira. A proposta não é controlar minuciosamente o que a criança deve pensar ou fazer, muito pelo contrário, o objetivo é estimular o imaginário e a criatividade. As histórias fornecem os recursos básicos para que a criança imagine o que quiser. É como dar um brinquedo: você escolhe o brinquedo, mas ela brinca da forma que acha melhor, livremente.
Por que as crianças se entediam facilmente? Uma das causas é o excesso de informação. No entendimento adulto, um texto detalhado enriquece a literatura, mas isso é diferente no contexto infantil, pois acaba por não estimular o imaginário e a criatividade. A história não abre espaço para a criança pensar por si mesma, o livro fornece todos os detalhes e já imagina o que precisa ser imaginado.
Para o desenvolvimento infantil acontecer, é preciso que o infante seja protagonista de sua própria vida. Se em tudo o que ele faz nós estamos lá para ajudar ou fazer no lugar dele, não estamos desenvolvendo protagonismo, mas sim a dependência.
É necessário deixar a criança andar com as próprias pernas, cair e levantar sozinha; é preciso dar espaço para que experimente as coisas do jeito dela, erre, faça mal feito, fique com dúvidas. O mais importante é que as capacidades estejam sendo usadas e desenvolvidas.
Mas o que tudo isso tem a ver com literatura? Com os livros funciona da mesma forma, é preciso abrir espaço para a criança pensar com a própria cabeça e exercitar suas capacidades intelectuais.
Portanto, se já está tudo pronto, detalhado e explicado em uma história, pra quê usar a imaginação!? Basta deixar-se ser carregado pelos pensamentos e ideias do autor, resultando em uma leitura passiva e monótona.
Basicamente: quanto mais "ajudamos" uma criança, menos ela se desenvolve. Na literatura, quanto mais detalhes e informação contém uma história, menos é estimulado a imaginação.
Na Editora Laranjeira o estilo minimalista, além de ser próprio do autor, é também intencional. Pois acreditamos ser o mais adequado para o desenvolvimento infantil. Enfim, buscamos sempre o equilíbrio, para que as histórias não sejam simples demais, ficando vazias, tampouco complexas demais, tornando-se cansativas e entediantes.
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— Daniel Bitencourt, fundador.
11/01/2024